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Lendas, Tradições e curiosidades

Lendas

Tradições

Lenda dos Cabrais

Era uma vez um pastor de Belmonte que sonhou três vezes seguidas que ouvia uma voz que lhe dizia:
”Vai a Belém que lá encontrarás o teu bem! Vai a Belém que lá encontrarás o teu bem… Vai…”
E foi. Procurou, procurou, mas nada encontrou. Desanimado, chegou-se a um outro pastor que lhe perguntou:
-Estás tão triste!? Porquê?
-Ora porquê…? Então eu sonhei três vezes seguidas, (três!), que ouvia uma voz que me dizia “Vai a Belém que lá encontrarás o teu bem, vai a Belém, vai a Belém…”. E cá vim… Estou cansado de procurar e nada!
-Ai tu ainda acreditas em sonhos?! Pois olha que eu também sonho muitas vezes que, numa terra que chamam Belmonte, há uma laje onde todos os dias se deita uma cabra amarela, e que debaixo dessa laje há um tesouro. Mas eu cá não vou em sonhos…
O pastor de Belmonte, ao ouvir isto, deu um salto e quase se traía. Aquela cabra amarela era dele. E ele sabia bem onde era a laje em que se deitava todos os dias. Partiu, assim, sem demora para a sua terra, Belmonte. Foi à laje, arrancou-a, cavou, e encontrou o haver, uma cabra e um cabrito de ouro. Limpou-os. Brilhavam de amarelinhos. Decidiu ir dar parte do tesouro ao rei.
Quando chegou, o pastor disse logo que tinha um presente para o rei. Os conselheiros não o deixavam entrar e responderam-lhe:
-Dá cá tu o presente que nós o entregaremos a El-rei.
O pastor respondeu: “Nem pensar. Quero ser eu, e hei-de ser, a entregar o meu presente ao rei, espere o que esperar.
-Mas El-rei está muito ocupado com o governo. Dá cá o teu presente que fica em boas mãos, e nós o entregaremos.
-Melhor fica nas minhas. E, daqui, só para as mãos do rei, que ainda tenha de ir até ao fim do mundo.E sentou-se por ali.

Vendo os conselheiros que o pastor dali não arrancava, resolveram dizer ao soberano:
-Está ali um pobre pastor que há dias não se cansa de dizer que traz um presente, mas que só o entregará a vossa Alteza. Por mais que disséssemos que nós o entregaríamos, ele disse que não, que tinha de ser ele a entregá-lo, ainda que tivesse de seguir El-rei até ao fim do mundo. E, teimoso, sentou-se por ali, e não arreda pé. -Mandai cá vir esse pastor, disse o rei.
Quando o pastor entrou na sala onde o rei estava, perguntou: -Onde está o senhor rei?
-Sou, eu. Vem cá. Diz-me lá o que queres.
-Senhor rei! Eu tenho aqui uma cabra e um cabrito. Qual é que o rei quer que lhe dê?
El rei sorriu-se e disse: -Dá cá o cabrito, que sempre será mais tenrinho que a cabra.
-Aqui o tem!
Quando El-rei viu que era de ouro, disse: – Tu foste muito leal. Mas não te todo. Já viste que me deixas nas mãos um orfão?
– Mas não tenha pena o senhor rei, que eu deixo-lhe também a mãe. Aqui está.!
-Então, já que és tão generoso, vai à minha cavalariça. Escolhe o melhor cavalo, e leva-o. Todas as terras que, desde o nascer ao pôr do sol, percorreres em redor de Belmonte, são tuas.

-Marques, M. (2001). Belmonte – Terras de Cabral. 1º Edição, Câmara Municipal de Belmonte.

Lenda dos Cabrais

Era uma vez um pastor de Belmonte que sonhou três vezes seguidas que ouvia uma voz que lhe dizia:
”Vai a Belém que lá encontrarás o teu bem! Vai a Belém que lá encontrarás o teu bem… Vai…”
E foi. Procurou, procurou, mas nada encontrou. Desanimado, chegou-se a um outro pastor que lhe perguntou:
-Estás tão triste!? Porquê?
-Ora porquê…? Então eu sonhei três vezes seguidas, (três!), que ouvia uma voz que me dizia “Vai a Belém que lá encontrarás o teu bem, vai a Belém, vai a Belém…”. E cá vim… Estou cansado de procurar e nada!
-Ai tu ainda acreditas em sonhos?! Pois olha que eu também sonho muitas vezes que, numa terra que chamam Belmonte, há uma laje onde todos os dias se deita uma cabra amarela, e que debaixo dessa laje há um tesouro. Mas eu cá não vou em sonhos…
O pastor de Belmonte, ao ouvir isto, deu um salto e quase se traía. Aquela cabra amarela era dele. E ele sabia bem onde era a laje em que se deitava todos os dias. Partiu, assim, sem demora para a sua terra, Belmonte. Foi à laje, arrancou-a, cavou, e encontrou o haver, uma cabra e um cabrito de ouro. Limpou-os. Brilhavam de amarelinhos. Decidiu ir dar parte do tesouro ao rei.
Quando chegou, o pastor disse logo que tinha um presente para o rei. Os conselheiros não o deixavam entrar e responderam-lhe:
-Dá cá tu o presente que nós o entregaremos a El-rei.
O pastor respondeu: “Nem pensar. Quero ser eu, e hei-de ser, a entregar o meu presente ao rei, espere o que esperar.
-Mas El-rei está muito ocupado com o governo. Dá cá o teu presente que fica em boas mãos, e nós o entregaremos.
-Melhor fica nas minhas. E, daqui, só para as mãos do rei, que ainda tenha de ir até ao fim do mundo. E sentou-se por ali.
Vendo os conselheiros que o pastor dali não arrancava, resolveram dizer ao soberano:
-Está ali um pobre pastor que há dias não se cansa de dizer que traz um presente, mas que só o entregará a vossa Alteza. Por mais que disséssemos que nós o entregaríamos, ele disse que não, que tinha de ser ele a entregá-lo, ainda que tivesse de seguir El-rei até ao fim do mundo. E, teimoso, sentou-se por ali, e não arreda pé. -Mandai cá vir esse pastor, disse o rei.
Quando o pastor entrou na sala onde o rei estava, perguntou: -Onde está o senhor rei?
-Sou, eu. Vem cá. Diz-me lá o que queres.
-Senhor rei! Eu tenho aqui uma cabra e um cabrito. Qual é que o rei quer que lhe dê?
El rei sorriu-se e disse: -Dá cá o cabrito, que sempre será mais tenrinho que a cabra.
-Aqui o tem!
Quando El-rei viu que era de ouro, disse: – Tu foste muito leal. Mas não te todo. Já viste que me deixas nas mãos um orfão?
– Mas não tenha pena o senhor rei, que eu deixo-lhe também a mãe. Aqui está.!
-Então, já que és tão generoso, vai à minha cavalariça. Escolhe o melhor cavalo, e leva-o. Todas as terras que, desde o nascer ao pôr do sol, percorreres em redor de Belmonte, são tuas. 

-Marques, M. (2001). Belmonte – Terras de Cabral. 1º Edição, Câmara Municipal de Belmonte.

Lenda da Prensa

Diz o povo que, de uma vez, o castelo de Belmonte foi cercado por mouros. o alcaide, um dos Cabrais, com suas forças resistiram, e, mesmo sem a ajuda de reforços, conseguiram assegurar a defesa do Castelo. Aconteceu, porém, que o inimigo se apoderou de um dos filhos do alcaide, e, preso, levaram-no à frente do castelo e disserram ao alcaide:
-Ou entregas o castelo ou o teu filho vai ser esmagado numa prensa.
O alcaide chorou. Chorou, mas disse, convencido que faria desistir o inimigo de tal barbaridade:
-Se sois heróis e valentes, e se tendes vergonha na cara, assaltai vós o castelo. Lutai. Mostrai o que valeis. Mas contra guerreiros como vós. Vingar-vos numa criança é covardia.
E não entregou o castelo. O inimigo fez questão de esmagar o filho do alcaide mesmo à sua vista. Mas a fidelidade do Cabral ao rei, de quem era aquele castelo, continuou mantida e mais forte.

-Marques, M. (2001). Belmonte – Terras de Cabral. 1º Edição, Câmara Municipal de Belmonte.

Lenda da Prensa

Diz o povo que, de uma vez, o castelo de Belmonte foi cercado por mouros. o alcaide, um dos Cabrais, com suas forças resistiram, e, mesmo sem a ajuda de reforços, conseguiram assegurar a defesa do Castelo. Aconteceu, porém, que o inimigo se apoderou de um dos filhos do alcaide, e, preso, levaram-no à frente do castelo e disserram ao alcaide:
-Ou entregas o castelo ou o teu filho vai ser esmagado numa prensa.
O alcaide chorou. Chorou, mas disse, convencido que faria desistir o inimigo de tal barbaridade.
-Se sois heróis e valentes, e se tendes vergonha na cara, assaltai vós o castelo. Lutai. Mostrai o que valeis. Mas contra guerreiros como vós. Vingar-vos numa criança é covardia.
E não entregou o castelo. O inimigo fez questão de esmagar o filho do alcaide mesmo à sua vista. Mas a fidelidade do Cabral ao rei, de quem era aquele castelo, continuou mantida e mais forte. 

-Marques, M. (2001). Belmonte – Terras de Cabral. 1º Edição, Câmara Municipal de Belmonte.

Lenda da Fonte do Soldado

“Conta-se, de modo muito confuso e que ainda não consegui aclarar, que numa guerra ou cerco do Castelo, uma Fidalga tomou parte na defesa.
A certa altura disparou um tiro tal que acertou no corpo de um soldado, de forma que a cabeça foi parar a uma laje, e o corpo a uma fonte. À laje chamaram Laje da Fidalga, e à fonte, Fonte Soldado, uma fonte celto-romana, existente nas proximidades do lugar onde passava a via romana Mérida – Idanha – Braga. A distância entre a laje e a fonte será de dois a três quilómetros…Mas aparecem versões um pouco diferentes. Uma delas diz que o morto era um fidalgo ou fidalga, que foi atingido ou atingida por um disparo. Sendo fidalga, faz lembrar o romance popular de D. Silvana. Se quisermos tentar colocar  esta lenda na história é fácil, mas, continua ser lenda!…”

-Marques, M. (2001). Belmonte – Terras de Cabral. 1º Edição, Câmara Municipal de Belmonte.

Lenda da Fonte do Soldado

“Conta-se, de modo muito confuso e que ainda não consegui aclarar, que numa guerra ou cerco do Castelo, uma Fidalga tomou parte na defesa.
A certa altura disparou um tiro tal que acertou no corpo de um soldado, de forma que a cabeça foi parar a uma laje, e o corpo a uma fonte. À laje chamaram Laje da Fidalga, e à fonte, Fonte Soldado, uma fonte celto-romana, existente nas proximidades do lugar onde passava a via romana Mérida – Idanha – Braga. A distância entre a laje e a fonte será de dois a três quilómetros… Mas aparecem versões um pouco diferentes. Uma delas diz que o morto era um fidalgo ou fidalga, que foi atingido ou atingida por um disparo. Sendo fidalga, faz lembrar o romance popular de D. Silvana. Se quisermos tentar colocar  esta lenda na história é fácil, mas, continua ser lenda!…”

-Marques, M. (2001). Belmonte – Terras de Cabral. 1º Edição, Câmara Municipal de Belmonte.

Lenda do Cativo de Belmonte

Quadro representativo do Cativo de Belmonte no Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada

Chamava-se Manuel. Foi o único nome que a tradição guardou.
Nascido em Belmonte, combatera os Muçulmanos como ardor do cristão valente. Porém, teve pouca sorte numa das batalhas. A sua hoste foi desbaratada. Sem poder passar para as fileiras dos seus compatriotas, teve de esconder-se, e caminhou direito à costa, ocultando-se quanto podia. Mas foi descoberto por um bando que o entregou a um barco pirata, e neste, arrebanhado a outros prisioneiros, foi levado como cativo para Argel.

Aí o deixaram servindo como escravo. Trabalhava para os Mouros dia e noite. Mas tomou esse martírio como penitência dos seus pecados, e trabalhava sem revolta, sem queixumes, oferecendo a Deus e à Virgem todas as suas dores. Contudo, as saudades da terra, da mulher e dos filhos não o deixavam, trazendo-o constantemente atormentado. Para tentar esmagar no peito essa lembrança, entregava-se às mais penosas tarefas. E orava, orava sem cessar, rogando a possibilidade de haver um fim para a sua desdita, quando Deus o entendesse. De noite ficava a magicar no momento em que voltaria a abraçar os seus entes queridos. E os meses iam passando, e com eles os anos. Certo dia, um dos mouros que comandava o troço dos escravos chamou-o de parte. Manuel mostrou-se intrigado.
– Que queres de mim?
– Fazer-te uma pergunta. Mas responde a verdade, se não queres ser castigado.

– Responderei, decerto.
– Que significa na tua língua a palavra que andas sempre a dizer?
– Eu?
– Sim, tu! Trabalhas com o olhar distante.
– Mas faço o meu trabalho.
– E dizes, de vez em quando, uma certa palavra.
– Digo às vezes muitas palavras, quando rezo ao meu Deus.
– Não, não é reza! Parece um nome. Será o de tua mulher?
– Como queres que te responda, se não me repetes a palavra a que te referes? O mouro mostrou-se impaciente.
– Sei lá! Qualquer coisa parecida com esperança! Manuel sorriu.
– É essa mesma. Pronunciaste-a muito bem.
– É nome de mulher?
– Pode ser. Mas tem para mim outro significado.
– Qual? Manuel não respondeu logo, O outro insistiu:
– Que significa esperança? O cativo encolheu os ombros.
– Ora! Significa que acalento o desejo de poder voltar à minha terra.

O mouro gargalhou: – Estás louco! Terias de atravessar o mar a nado! E, além disso… não poderás fugir daqui!
Como Manuel continuava a sorrir, quase feliz, o mouro enervou-se. Gritou: – Porque falas em esperança?
A resposta veio rápida: – Porque acredito no meu Deus e na bondade de Sua Mãe, a Virgem Maria.
Troçou o mouro: – Pede então a essa Virgem que te leve daqui, para eu ver se ela é capaz dessa façanha!
Sem dar mostras de enervamento, Manuel declarou: – É o que faço, de hora a hora, mesmo durante o trabalho. Rezo à minha Virgem da Esperança!
O mouro deu com a adaga numa estaca de madeira, partindo-a em duas.
– És louco, e como louco te tratarei doravante! Anda, vai para o teu trabalho!
Sem mostrar impaciência, Manuel voltou ao trabalho do campo. Sem o perder de vista, o mouro ficou vigilante. Desde esse dia, a vida tornou-se ainda mais dura para o pobre cativo. Deram-lhe as tarefas mais pesadas, diminuíram-lhe os alimentos e foi alvo da mais severa vigilância. De tal forma que à noite só o deixavam dormir dentro de uma arca e amarrado por grossas cadeias. Mesmo assim, um mouro ficava de sentinela.
Desde esse dia, a vida tornou-se ainda mais dura para o pobre cativo. Deram-lhe as tarefas mais pesadas, diminuíram-lhe os alimentos e foi alvo da mais severa vigilância. De tal forma que à noite só o deixavam dormir dentro de uma arca e amarrado por grossas cadeias. Mesmo assim, um mouro ficava de sentinela.
De tão aflitiva situação apiedou-se a Virgem Maria. E na véspera do Dia de Páscoa, quando Manuel dormia na arca, deliberou ajudá-lo. Então, com grande espanto, o mouro que vigiava o cativo ouviu falar o cristão. Dizia ele palavras estranhas, que mal se percebiam. Respondia a alguém com quem dialogava. Tudo se passara assim: o cativo ouvira chamar por ele…
– Acorda, Manuel!
– Quem me chama?
– Sou eu, a Senhora da Esperança.
O cristão ficou perplexo. Redarguiu:
– Senhora, devo estar sonhando! Mas muito vos agradeço a Vossa visita, mesmo em sonhos. Ameniza o meu sofrimento.
– Pois venho participar-te que o teu penar acabou.
– Como, Senhora, se tenho tantas saudades da minha terra e dos meus?
– Vou levar-te a Belmonte!
– Ides levar-me a Belmonte?… Quereis dizer que morri?… Que já sou um espírito, e por isso posso voar sobre os mares?…
– Não, ainda não morreste. Mereces receber por mais algum tempo o carinho dos teus. Vais atravessar os mares dentro dessa arca!
Manuel teve um risinho nervoso.
– Senhora da Esperança! Como vão todos ficar espantados, os de cá e os de lá!…

A Senhora já não lhe respondeu. A arca levantara-se do chão, arrombara a porta e continuava a subir no espaço. Os mouros gritavam, alarmados. Chamaram o chefe dos escravos e disseram-lhe:
– A arca onde encerrámos o cristão ergueu-se no ar e sumiu-se para as bandas do mar!
O mouro olhou-os como se estivessem todos loucos.
– Que estais dizendo?
O que estava de guarda à arca adiantou-se.
– Chefe! Ouvi o cristão falar dentro da arca, como se estivesse alguém ao pé dele. Parecia contente. Dizia coisas estranhas, que mal percebi!
O chefe franziu as sobrancelhas e perguntou:
– Lembras-te de algumas das palavras que ele proferiu?
– Poucas!
– Di-las!
– O cristão falou em saudades… em minha terra… em voar sobre os mares… Pareceu-me ouvir-lhe dizer: senhora… e esperança…
O chefe sobressaltou-se.
– Falou em Senhora da Esperança?
– Sim.
– Tens a certeza?
– Tenho.
O mouro mordeu os lábios. Fez-se um silêncio. Por fim, olhando para os lados do mar, sentenciou:
– Não mais o teremos aqui! Voltou para a sua terra!
– Mas como?
– Foi a tal Senhora da Esperança!
– Que senhora?
Cerrando os dentes, o mouro voltou as costas, deixando os outros a olhá-lo, boquiabertos…
Sábado de Aleluia. O Sol rompera radioso nessa manhã. Os sinos tocavam alegremente. Corriam as gentes de Belmonte e arredores para a ermida. De súbito, os que estavam à porta da capelinha arregalaram os olhos. Acabavam de ver pousar no chão, vinda do ar, uma pesada arca, mas que pousara leve como andorinha. E de dentro da arca saiu aquele que todos julgavam já morto pelos Muçulmanos!
O alarido misturou-se com o cantar alegre dos sinos. O júbilo causado pela inesperada e milagrosa aparição de Manuel foi enorme. A mulher e os filhos abraçavam agora aquele que tantas vezes haviam chorado. Manuel contou entre lágrimas a sua extraordinária aventura. E então, ali mesmo, o povo determinou levantar uma outra ermida à Senhora da Esperança, em acção de graças pela Sua Bondade para com um filho da povoação de Belmonte. Cantaram-se mais fortes as aleluias da Páscoa. Ergueram-se hinos de louvor ao Céu. E a ermidinha à Senhora da Esperança não tardou em ser erguida também.

Lenda do Cativo de Belmonte

Quadro representativo do Cativo de Belmonte no Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada

Esta é a história de Manuel, um corajoso escudeiro de um cavaleiro de Belmonte.
Partiu da sua terra natal para combater os mouros em duras batalhas, onde sempre mostraram a sua bravura.
Um dia, Manuel foi capturado pelos mouros e levado para Argel. Ali ficou longos anos como escravo, tendo um senhor muito cruel que lhe dava maus tratos, obrigando-o a trabalhos muito duros e à noite o fechava numa arca. Encarava o seu destino como uma penitência e iludia as saudades da terra e da família com as tarefas mais pesadas.
Após muitos anos, o seu senhor perguntou-lhe qual o significado da palavra que Manuel repetia vezes sem conta: esperança. Manuel disse-lhe que significava o desejo de voltar à sua terra e a sua fé na Virgem da Esperança. O mouro respondeu-lhe que tal fé era impossível e tornou-lhe a vida ainda mais dura. Conta a lenda que a Virgem se apiedou de Manuel e a arca onde Manuel costumava dormir elevou-se no ar e desapareceu em direção ao mar.
No mesmo dia, as gentes de Belmonte que se dirigiam à missa na Igreja de Santa Maria viram, espantados, uma arca aterrar junto a esta e de lá sair Manuel. A alegria foi indescritível e o povo decidiu erguer nesse sítio uma outra capela, dedicada a Nossa Senhora da Esperança.

Madeiros

Assim como é feito noutras localidades do interior do país, a noite de natal é marcada pela cerimónia da queima do madeiro, na noite do dia 24 para o dia 25 de Dezembro. Esta tradição acontece em todas as freguesias do concelho, sendo mesmo feito um concurso de madeiros, para apurar qual o maior.

Consiste numa grande fogueira que é feita junto do castelo e da igreja de Santiago, onde a população se reunia depois da Missa do Galo. Actualmente, ainda se mantém o hábito de sair em peso à rua na noite da consoada, apesar do conceito estar mais desassociando à parte religiosa, onde se juntam para socializar e conviver.

Tudo começa pela recolha da madeira que habitualmente é recolhida pelos jovens  que completam 18 anos e que vão ao dia da defesa nacional (revisão do serviço militar). Porém, com a diminuição da população jovem, a junta de freguesia de Belmonte tem ajudado neste processo com o intuito de manter o costume.

Antigamente, encontrar lenha para o Madeiro era tarefa bem mais complicada. Dependentes da boa vontade da população, cujas ofertas ficavam aquém do desejado, os jovens viam-se na necessidade de roubar lenha, tudo a coberto da noite.

A tradição do madeiro tem origem nos cultos pagãos, na celebração do solstício de Inverno, em que se acendiam enormes fogueiras ao ar livre.

Madeiros

Assim como é feito noutras localidades do interior do país, a noite de natal é marcada pela cerimónia da queima do madeiro, na noite do dia 24 para o dia 25 de Dezembro. Esta tradição acontece em todas as freguesias do concelho, sendo mesmo feito um concurso de madeiros, para apurar qual o maior.

Consiste numa grande fogueira que é feita junto do castelo e da igreja de Santiago, onde a população se reunia depois da Missa do Galo.  Actualmente, ainda se mantém o hábito de sair em peso à rua na noite da consoada, apesar do conceito estar mais desassociando à parte religiosa, onde se juntam para socializar e conviver.

Tudo começa pela recolha da madeira que habitualmente é recolhida pelos jovens  que completam 18 anos e que vão ao dia da defesa nacional (revisão do serviço militar). Porém, com a diminuição da população jovem, a junta de freguesia de Belmonte tem ajudado neste processo com o intuito de manter o costume.

Antigamente, encontrar lenha para o Madeiro era tarefa bem mais complicada. Dependentes da boa vontade da população, cujas ofertas ficavam aquém do desejado, os jovens viam-se na necessidade de roubar lenha, tudo a coberto da noite.

 A tradição do madeiro tem origem nos cultos pagãos, na celebração do solstício de Inverno, em que se acendiam enormes fogueiras ao ar livre.

Enterro do Entrudo

Este evento é realizado no Colmeal da Torre, na noite de terça de Carnaval.Consiste numa procissão que tem como figura principal um boneco feito com palha, que é levado numa padiola pelar ruas da aldeia, enquanto um padre fictício diz rezas e protagoniza vários momentos sarcásticos. No final da procissão o entrudo é colocado no átrio da igreja matriz onde é queimado.

A história e o intuito desta festa já foi perdida no tempo mas crê-se que “todas as chatices e desavenças”  desapareçam com o fogo.

Enterro do Entrudo

Este evento é realizado no Colmeal da Torre, na noite de terça de Carnaval.Consiste numa procissão que tem como figura principal um boneco feito com palha, que é levado numa padiola pelar ruas da aldeia, enquanto um padre fictício diz rezas e protagoniza vários momentos sarcásticos. No final da procissão o entrudo é colocado no átrio da igreja matriz onde é queimado.

A história e o intuito desta festa já foi perdida no tempo mas crê-se que “todas as chatices e desavenças”  desapareçam com o fogo.

Santa Bebiana

Esta festa de carácter pagã realiza-se a 2 de dezembro e tem o intuito de casar São Martinho e “Santa Bebiana”, a padroeira das mulheres bêbedas. Na véspera da festa efectua-se um cortejo ou chocalhadas onde as pessoas são intimadas a participar na procissão do dia seguinte.

No dia da festa preparam-se os andores onde se coloca a Santa Bebiana, transportada pelos rapazes, e o São Martinho, pelas raparigas, havendo ainda um andor com um barril de vinho, transportado por mulheres, que vão fazendo a distribuição do vinho, pelos presentes na procissão.

Os dois santos saem de locais distintos, fazendo o seu encontro, no largo da antiga Casa do Povo, após o que seguem junto na procissão que decorre ao longo da vila de Caria, acompanhados dos mordomos, secretários, juizes e um prior que vai fazendo sermões irónicos.

A acompanhar os andores vão também estandartes de pano e archotes para iluminar.

Santa Bebiana

Esta festa de carácter pagã realiza-se a 2 de dezembro e tem o intuito de casar São Martinho e “Santa Bebiana”, a padroeira das mulheres bêbedas. Na véspera da festa efectua-se um cortejo ou chocalhadas onde as pessoas são intimadas a participar na procissão do dia seguinte.

No dia da festa preparam-se os andores onde se coloca a Santa Bebiana, transportada pelos rapazes, e o São Martinho, pelas raparigas, havendo ainda um andor com um barril de vinho, transportado por mulheres, que vão fazendo a distribuição do vinho, pelos presentes na procissão.

Os dois santos saem de locais distintos, fazendo o seu encontro, no largo da antiga Casa do Povo, após o que seguem junto na procissão que decorre ao longo da vila de Caria, acompanhados dos mordomos, secretários, juizes e um prior que vai fazendo sermões irónicos.

A acompanhar os andores vão também estandartes de pano e archotes para iluminar.